2010 foi dez! Um ano de indiscutível amadurecimento artístico e profissional. Aliás, desde o início de nossa empreitada estamos nos aprimorado nas artes e nos negócios, nos dando conta de nossos defeitos e percebendo antigas características como verdadeiras virtudes dentro desta sociedade competitiva e individualista. Não é fácil trabalhar com arte em qualquer parte do nosso país, e numa cidade pequena como Resende, ainda existem mais desafios: um mercado ainda em formação, poucos artistas de qualidade para a troca de experiências, falta de diversidade de professores e acesso a formação, nosso próprio amadorismo, algumas posturas equivocadas deturpando o discurso de ser independente no ramo artístico e por aí vai. A lista dos desafios não é curta. Mas o que realmente nos interessa é melhorar, ainda que isso implique em mudanças de velhos hábitos. Por isso, a saída do casarão é amenizada e motivada pela perspectiva de aperfeiçoamento. O fato era que manter o casarão estava nos tomando quase todo o tempo e energia, desviando-nos de nossos ideais mais importantes, e isto, porque tropeçamos vezes demais ao longo do caminho. A situação se transformou num ciclo vicioso. Precisávamos realizar festas aos finais de semana para conseguir o dinheiro das contas, e durante a semana, poder agitar exclusivamente as atividades artística. Mas, para as festas serem boas e termos o tão esperado lucro, tínhamos que organizar tudo durante a semana, e daí as atividades semanais ficavam comprometidas. Ou, se ficávamos mais ligados nas atividades da semana, as festas não ocorriam como o esperado, não rolava o cash e daí fu#%a tudo!!!
E como dar conta das novas oportunidades? Como arranjar tempo para nosso ofício de artistas?
Fomos enlouquecendo e estressando, mas por alguma "graça de Deus", resolvemos pisar um pouco no freio de nossa ânsia de abraçar o mundo! Pronto, fomos reavaliar a importância de um Centro Cultural Independente, com sede própria, em nossa cidade. E ficamos satisfeitos com outras iniciativas que também começam a se organizar no município, ao ver que a Prefeitura finalmente comprou e reformará o Cine Vitória, que o Teatro de Bolso está lá para ser ocupado com atividades, que a Rua é nossa, que existem novos empreendedores como o Centro de Dança de Resende, projetos sociais como o IÇA e o Raiz de Valor,o Atelier Cultural Porto das Artes, O pessoal da Enxofre, um terreiro cultural como os Kalimbas e diversas outras iniciativas que esqueçemos de mencionar aqui e que ajudam a configurar um ambiente bem mais propício para as artes do que aquele que encontramos a três anos atrás, justamente num período de troca de governos. De lá pra cá, nossa região ganhou boates, bares, pubs, praças e parques revitalizados, novos coletivos artísticos, serestas, mais opções de divertimento e entretenimento onde a arte pode muito bem se inserir. Então, finalmente percebemos que não seria tão doloroso sair do casarão e não pararíamos pela falta de sede, pelo contrário, com a economia do aluguel e das despesas poderíamos agitar ainda mais a cidade. Fazer mais barulho nas cabeças pensantes. Melhorar!