Fomos ao Anjos do Picadeiro 9, o Encontro Internacional de Palhaços produzido pelo Teatro de Anônimo no Rio de Janeiro entre os dias seis e doze de dezembro de 2010. Foi demais assistir aos espetáculos, participar da palhaceata, estar próximo aos palhaços conhecidos, reconhecidos e anônimos. Foi realmente um encontro. A maior parte do público era de pessoas envolvidas com o fazer rir e refletir do palhaço. Cinco dias intensos em que a platéia dirigia-se em bloco de uma apresentação à outra, de um teatro ao outro, de praça à praça e depois, para as festinhas, pros cabarés. Nessa onda as pessoas iam se conhecendo. Os palhaços que estavam nesse bolo hora estavam assistindo, hora estavam se apresentando. E os mestres eram figuras fáceis de se aproximar, cumprimentar e trocar umas idéias, estavam misturados aos demais. Foi muito bom recarregar as pilhas justamente nesse final de ano e final de ciclo para Oka.
“Tudo passa, tudo muda”. “Só existe o presente”. Passado e futuro são meras suposições, projeções imperfeitas e incompletas daquilo que foi e daquilo que pode ser. Só o presente é digno de realidade. Essas verdades universais podem ser extremamente sufocantes para alguns ou mesmo superficiais para outros e, ainda fugir completamente da percepção da maioria, dependendo de quem ou de como as enxergamos. Porém, são verdades inexoráveis que regem o universo e a vida. Mas como podemos viver assim, sem apego ao passado e sem acreditar no futuro? Acho que afirmando o presente e vivendo intensamente o momento é uma boa saída! A Oka Cultural Timburibá vai sair de casa em 2011. Deixaremos o casarão que foi nosso começo e nossa tão adorável sede. Começaremos nova fase, ainda com poucas certezas e reavaliando o passado sob a luz do presente. Dois anos e meio se passaram, e neles agregamos pessoas, artistas, admiradores, adversários, invejosos, amigos. Experimentamos e desenvolvemos arte, cultura, linguagem. Crescemos pessoalmente, formamos um coletivo, ganhamos prêmios. Produzimos e ajudamos mais de cem eventos; festas, shows, encontros de percussão, oficinas, workshops, mostras, exposições, lançamentos de livros, peças teatrais, performances na rua, vídeos e outras coisas sem classificação, mas fizemos o que podíamos e o não podíamos (ou que não nos deixavam). Mas agora é hora de mudar, de trocar a roupa, apertar o passo, seguir em frente. Tornou-se imperativo cortar os gastos para podermos investir mais, para chegarmos mais longe. E andar sem bagagens extras é um alívio para as costas.
O objetivo principal da Oka é agitar artisticamente nossa região, formar artistas e público, criar e experimentar arte e desenvolver o mercado. Essa é a nossa visão. Uma sede é super importante para isso, mas não é o essencial. Que loucura bancar o aluguel de um casarão só pra fazer arte!!!!! Para quem só pensa no retorno financeiro era coisa de maluco, de artista doido varrido. Fazer arte é correr riscos, não é estabilidade. Tudo bem, se não dá mais para bancar o aluguel, vamos sair de casa então. Vamos pedir teto na casa do vizinho, do irmão, do amigo. Vamos levar nossas atividades pra rua. Por enquanto, no presente, faremos isso: vamos nos integrar a quem também está agitando, vamos engrossar o caldo em Resende, em Penedo, em Quatis, em Volta Redonda. Sentimos falta de que pessoas interessantes, interessadas em arte, chegassem junto da nossa iniciativa. O que muitas vezes podia ter acontecido, mas por algum motivo não acontecia, nos deixando perplexos, pois sabíamos que estávamos fazendo nossa parte. Mesmo que essa parte contivesse algumas falhas, era o que podíamos oferecer , uma sede, um casarãovoltado apenas para as artes. Mais que isso fugia as nossas capacidades. Mas agora sem o casarão e com a consciência tranquila resolvemos nós mesmos nos unirmos a quem já esta fazendo. Porque muitas vezes quem podia ajudar só não ajudava por que também estava ocupado realizando algo. Vamos ajudar vocês agora.
Os primeiros passos nesse novo caminho serão levar as aulas gratuitas para o Parque das Águas e a produtora cultural para uma sala comercial no Center sul em campos Elíseos. No Parque das Águas estaremos de segunda a sexta desenvolvendo oficinas de arte gratuitas entre às 17h e 19hs. Serão oferecidas aulas de percussão, coral, malabares, vídeo e encontro prático de palhaçada. E nosso quartel general para reuniões e visitas será lá no quarto andar do Center sul, sala 402, em Campos Elíseos, no prédio entre a Peg Mel e a Caixa Econômica Federal. Lá estaremos nos preparando para os eventos e atividades que daremos início após o carnaval de 2011 e, no Parque das Águas nos próximos janeiro e fevereiro estaremos realizando as oficinas de verão. Essas oficinas começam em 2011, dia cinco de Janeiro e vão até o sábado que antecede o carnaval. Nessa data, 26 de fevereiro, será o fechamento das oficinas. O ponto máximo do movimento no parque será nosso bloco (pré) carnavalesco. A bateria formada pelos alunos de percussão, os cantores e puxadores pela galera do coral, os foliões malabaristas e palhaços e a galera do vídeo fazendo o registro. Será demais. Sairemos de casa para ganharmos a Rua. Mas calma, antes, no meio desse bafafá, arranjaremos tempo para um bota fora. Pra quem vai ficar com saudades será imperdível, pois será a última festa em nossa ( antiga) casa. Fiquem atentos, que logo logo anunciaremos a data do bota fora!!!!
Um forte abraço
Daniel Sá.